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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Uma jóia da História Postal de Estremoz


 
Fig. 1

Fig. 2


Prólogo
Há documentos cuja interpretação permite ao investigador catalogá-los na classe das “jóias”. Uma tal inclusão pode ser devida ao teor do seu conteúdo escrito, bem como ao contexto em que este foi produzido, assim como ao grafismo do próprio documento. Pode até acontecer que estas três situações coexistam, o que potencia o valor e o interesse do documento. Vamos ver que é o que se passa com um bilhete-postal ilustrado, pertencente ao meu arquivo de História Postal de Estremoz.

Descrição do bilhete-postal ilustrado
Trata- se de um inteiro postal, mais propriamente um bilhete-postal de Boas Festas do tipo “Tudo Pela Nação,” com selo impresso da taxa de $30 (30 centavos), destinado ao Serviço Nacional, obliterado com a marca do dia da estação dos CTT, do tipo de 1928, do dia 24 de Dezembro de 1942.  O bilhete-postal tem como motivo os Bonecos de Estremoz. A ilustração é de Laura Costa (activa 1920-1950), e o bilhete-postal foi emitido pelos CTT em 1942.
Na parte superior do rosto do bilhete-postal (Fig. 2), a ilustração é constituída por um tradicional “Berço do Menino Jesus” da barrística popular estremocense, o qual se encontra ladeado por dois ramos de azevinho.
No verso do bilhete-postal (Fig. 1) a ilustração representa uma cena no areal da praia da Nazaré e envolve um casal com os seus trajes tradicionais, acompanhados de duas crianças. Aparentam estar a montar no areal a “Adoração dos Reis Magos”, Presépio de 6 figuras, constituído pela Sagrada Família e pelos 3 Reis Magos.
O bilhete-postal ilustrado foi expedido em 24 de Dezembro de 1942 (véspera do Dia de Natal) por Sá Lemos, dirigido ao Dr. Marques Crespo, em Estremoz.

Sá Lemos, o expedidor do bilhete-postal
José Maria de Sá Lemos (1892-1971), escultor, discípulo de Mestre António Teixeira Lopes (1866-1942), começou a trabalhar como professor e simultaneamente Director da Escola Industrial António Augusto Gonçalves, em 21 de Abril de 1932, data da sua tomada de posse, com base no Decreto de 15 de Março de 1932 publicado no Diário do Governo nº 82 – 2ª série de 8 de Março de 1932.
Pela sua acção fez ressurgir os Bonecos de Estremoz, cuja produção tinha cessado com a morte de Gertrudes Rosa Marques (1840-1921) em 1921. Tal ressurgimento foi conseguido recorrendo primeiro à velha barrista Ana das Peles (1869-1945), que foi o instrumento primordial dessa recuperação e depois ao Mestre oleiro Mariano da Conceição (1903-1959) - O “Alfacinha”, o qual foi o instrumento de continuidade dessa recuperação.
No período que esteve em Estremoz e que se prolongou até 30 de Setembro de 1945, foi vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Estremoz entre 1938 e 1945, durante dois mandatos do então Presidente da Câmara, Engº Manuel Bicker de Castro Lobo Pimentel. São de sua autoria a maqueta em barro e em tamanho natural do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e da Fonte do Sátiro, ambos em Estremoz.

Marques Crespo, o receptor do bilhete-postal
José Lourenço Marques Guerreiro Crespo (1871-1955), médico, maçon, membro do Partido Republicano Português e Presidente da Câmara Municipal de Estremoz (1923-1926). Foi fundador e director do semanário regionalista “Brados do Alentejo” (1931-1951), fundador da delegação da Cruz Vermelha Portuguesa de Estremoz, membro da comissão fundadora do Teatro Bernardim Ribeiro e Presidente Honorário do Orfeão Tomás Alcaide. Publicou entre outras obras, a monografia “Estremoz e o seu termo regional” (1950).

Estremoz doutros tempos
O facto de o bilhete-postal ter sido expedido apenas na véspera de Natal, também merece alguma reflexão. Decerto que o remetente sabia que no dia de Natal não havia distribuição domiciliária de correspondência, pelo que a missiva só seria recebida já depois do Natal. O que é que o terá levado a expedir o bilhete-postal postal só na véspera de Natal? Não sei. Todavia, posso admitir como plausíveis duas circunstâncias: – A chegada tardia à estação dos CTT de Estremoz, deste tipo de bilhete-postal de Boas Festas: o nº 42 (preparação do Presépio) de uma série de 12, numerados de 35 a 46, todos com ilustração de Laura Costa e ostentando o mesmo tipo de selo impresso; - O conhecimento tardio por parte do remetente da existência do bilhete-postal nº 42 (preparação do Presépio).
O endereço do destinatário resume-se ao nome deste e não inclui o nome do arruamento nem o número de porta. Para este facto contribuíram, decerto, factores como: - O destinatário ser uma personalidade com destaque na sociedade local e por isso muito conhecido; - O número de arruamentos ser muito inferior ao que é na actualidade; - O brio profissional dos carteiros que os levava a empenhar-se na missão de “levar a carta a Garcia”.

Epílogo
Sá Lemos considerara recuperada a produção de Bonecos de Estremoz em artigo publicado no jornal Brados do Alentejo, em 10 de Novembro de 1935. Ainda nesse mesmo ano, os Bonecos de Ana das Peles participaram na “Quinzena de Arte Popular Portuguesa” realizada na Galeria Moos, em Genebra. Em 1936 estiveram presentes na Secção VI (Escultura) da Exposição de Arte Popular Portuguesa, em 1937 na Exposição Internacional de Paris e em 1940 na Exposição do Mundo Português. Nesta exposição estiveram também expostos os Bonecos de Estremoz de Mestre Mariano da Conceição, os quais no pavilhão expositor eram pintados por sua mulher Liberdade da Conceição (1913-1990), face à impossibilidade de Mestre Mariano estar presente por ser funcionário público.
Os Bonecos de Estremoz adquiriram notoriedade pública e projecção internacional com a Exposição do Mundo Português em 1940, de tal modo que os CTT os utiliza como motivo dos bilhetes-postais de Boas Festas de 1942. Deve ter sido uma suprema felicidade para Sá Lemos, que através do bilhete-postal endereça "um abraço de Boas Festas" ao seu amigo Marques Crespo, o qual através da missiva pôde constatar que os Bonecos de Estremoz andavam a ser divulgados pelos CTT através de mensagens natalícias.
Não há dúvida que a mensagem, bem como o seu contexto e o grafismo, legitimam completamente o título escolhido para o presente texto.

Hernâni Matos

quinta-feira, 8 de abril de 2021

E os passarinhos não se calam


Primavera 2021. Desenho a lápis de cor. Cristina Malaquias.

LER AINDA:

A ilustradora Cristina Malaquias publicou na sua página do Facebook, um magnífico desenho que não resisto a reproduzir aqui com a respectiva legenda “E os passarinhos não se calam”, que me mereceu o seguinte comentário:
Senão fosse o arco, eu diria que a figura era um "Amor é cego" que tirou a venda para a usar como máscara comunitária. Mas está lá o arco... E está muito bem, que isto de espetar o arco nas costas não lembra a ninguém.
O arco empunhado na mão direita tem outro encanto. Quem sabe se a figura não evoca um desfile de floristas em luta pelo direito a vender flores? Parece que estou a vê-las gritar:
- FLORES, SIM! COVID, NÃO!
Palavra de ordem que vão alternando, por vezes, com uma palavra de ordem mais reformista:
- COVID ESCUTA, QUE O POVO ESTÁ EM LUTA!
Todavia, as floristas mais revolucionárias clamam bem alto:
- MORRA O COVID! MORRA! PIM!
É caso para dizer:
- CAMARADAS: SÓ A MORTE DO BICHO, PORÁ FIM À NOSSA LUTA!
Cristina Malaquias respondeu:
- Lindo texto, sim senhor!!
Que dizer então? A minha resposta foi imediata e o seu relato vem de seguida:
Eu sou um contador de estórias. Que poderia fazer eu para além do óbvio lugar comum do "Parabéns Cristina pelo seu belo desenho!" Como diz o Hino da Intersindical:
- LUTAREMOS COM AS ARMAS QUE TEMOS NA MÃO!
Foi dito e feito. Contei uma estória que é uma das coisas que sei fazer. Foi a forma encontrada de lhe procurar retribuir a beleza com que nos prendou.

domingo, 15 de março de 2020

Coronavírus COVID-19



O surto da doença causada pelo coronavírus surgiu em 31 de Dezembro de 2019 na cidade de Wuhan na China, foi declarado pela OMS como Emergência de Saúde Pública em 30 de Janeiro de 2020 e como pandemia em 11 de Março de 2020.
Os maiores cartoonistas mundiais, cada um deles com o seu tipo próprio de sentido de humor e especial modo de o tratar graficamente, debruçou-se sobre os múltiplos aspectos suscitados pela pandemia. Os seus cartoons foram publicados na imprensa mundial e encontram-se disseminados pela Internet. Aí recolhi e seleccionei 40 desses cartoons, os quais revelam a preocupação dos seus autores com a transmissão do vírus, os comportamento pessoais a adoptar no seu combate, os oportunismos surgidos na sequência da pandemia e uma forte crítica à China e a Trump.
Os cartoons escolhidos foram em número de quarenta, número cuja escolha não foi acidental, já que é o número que corresponde à quantidade designada correntemente por “quarentena”, palavra que designa igualmente o período de isolamento a que devem ser submetidos, pessoas, animais ou mercadorias provenientes de um país onde grassa uma epidemia.






































terça-feira, 12 de julho de 2016

Euro 2016 - Humor

A vitória de Portugal no Euro 2016 deu origem à criação de múltiplos cartoons. Apresentamos aqui e sem comentários, uma selecção de alguns desses cartoons recolhidos na internet. 














































Hernâni Matos