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domingo, 31 de dezembro de 2023

Mensagens de Ano Novo



Na passagem de cada ano é usual cada um de nós formularmos “Votos de Feliz Ano Novo”, aos nossos familiares e amigos, bem como a pessoas do nosso círculo de relações.

Actualmente, os modos mais correntes de o fazer são através das mensagens por telefone, email, vídeo e videoconferência. Mas nem sempre foi assim.

Anteriormente à globalização e à era digital, para além dos “Votos de Feliz Ano Novo”, serem formulados através de relacionamento humano interpessoal, existiam cartões ilustrados com mensagens pré-impressas, os quais se expediam pelos correios e eram arautos dos votos por nós formulados, acabando na maioria dos casos por dar origem a uma missiva da mesma tipologia, expedida em sentido contrário. Tudo isto pertence ao passado.

A riqueza e cromatismo das ilustrações era notável, pelo que tais cartões são actualmente peças de colecção muito apreciadas.

As imagens aqui apresentadas pertencem a cartões com mensagens impressas em língua inglesa, tanto do Reino Unido como dos Estados Unidos da América e a respectiva datação remonta aos primórdios do séc. XX. As imagens dos cartões ilustram predominantemente: - A despedida do “Ano Velho” associada à entrada do “Ano Novo”; - A meia-noite de 31 de Dezembro e as zero horas de 1 de Janeiro, assinaladas num relógio de ponteiros; - A folha de calendário do primeiro dia de Janeiro; - Símbolos dos votos formulados (trevo de 4 folhas, ferradura, cornucópia, porquinho); - Festejos de passagem de ano.

É tal o deleite de espírito provocado pela visualização destas imagens que me apetece dizer:
- Oh tempo volta para trás!

Hernâni Matos





































domingo, 7 de fevereiro de 2021

Guardador de memórias

 
António Júlio Rebelo. Filósofo. Professor. Ex-vereador da Cultura da CME.
 
Hernâni Matos é um guardador de memórias.
Quem guarda memórias não vive no passado, faz do passado um tempo presente e futuro. Olhar para as raízes do tempo é compreender melhor o que está e o que virá, com sabedoria, com afectividade, e nunca o seu contrário.
Quem guarda memórias olha para os acontecimentos e vê neles um fio estendido, que vem de tão longe e pode projectar-se para tão longe.
Quem guarda memórias habita o mundo com um saber feito dos outros, da terra funda, da comunidade, e tudo isso passa para nós, é-nos proporcionado, dando-nos com dedicação esse mundo imenso feito de vida.
Por tudo isto, Hernâni Matos tem oferecido a sua vida a esse trabalho cuidado e solitário de guardador de memórias.
Olhar o mundo como guardador atento e exigente do que está decorrido, seres humanos e objectos que construíram a nossa história local, é para nós motivo de satisfação, mas, sobretudo, de uma sincera gratidão que se festeja no apreço.
 
António Júlio Rebelo
Estremoz, 31 de Janeiro de 2021

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Ano Novo: Vida Velha?



Com casaca laranja e gravata azul - as cores daqueles cujos interesses representa - eis o Porcamoz, que interroga o reflexo da sua imagem, questionando:
- Ouve lá, oh espelho meu. Há alguém mais poderoso do que eu?
Resposta do espelho, farto daquelas imundícies:
- Desta vez não te safas. Nem a cartola de candidato a Comendador, nem o trevo de 4 folhas, nem o saco azul pintado de branco, te vão salvar.
Resposta do burgesso:
- Está tudo sob controle. Eu, é que sei!
Replica o espelho:
- E o senhor que se segue?
A resposta surgiu à velocidade da flatulência fecal:
- Frei Ramos? A ver vamos…



quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Mensagem de Ano Novo


A 24 de Janeiro têm lugar as eleições para a Presidência da República, que são decisivas para o futuro de Portugal. Todas as candidaturas são legítimas. Todavia há algumas, imbuídas dum certo folclore e que contam à partida com resultados residuais. Essas não são para aqui chamadas. Daí só me referir às apresentadas pelos candidatos com maior peso político. São de diversos tipos: - CANDIDATOS APOIADOS POR COLIGAÇÕES: Marcelo Rebelo de Sousa (PSD-CDS) e Edgar Silva (PCP-PEV); - CANDIDATOS APOIADOS POR PARTIDOS POLÍTICOS: Marisa Matias (BE); - CANDIDATOS APOIADOS POR FACÇÕES PARTIDÁRIAS: Maria de Belém (algum PS); CANDIDATURAS APOIADAS POR CIDADÃOS: Sampaio da Nóvoa.
Marcelo Rebelo de Sousa é o candidato do “Ó tempo volta para trás, dá-me tudo o que eu perdi”, por isso é apoiado pelo PSD e pelo CDS, que recentemente “perderam no campo” e agora “querem ganhar na secretaria”.               
Apesar de no actual contexto, o país votar politicamente à esquerda, não foi possível apresentar às eleições um candidato único das esquerdas. Uns não quiseram e outros acharam conveniente apresentar o seu próprio candidato, visando segurar o respectivo eleitorado, a fim de combater a abstenção. Na sua óptica era a maneira eficaz de assegurar que haveria uma segunda volta das eleições, na qual haveria que apoiar o candidato de esquerda mais votado na primeira volta. O futuro dirá se tiveram ou não razão. A meu ver, trata-se de um risco muito grande, que talvez não tenha sido devidamente avaliado.
Pessoalmente, apoio sem hesitações a candidatura de Sampaio da Nóvoa a Presidente da República Portuguesa, como candidatura independente, livre, nacional, patriótica e de causas sociais. Faço­-o na convicção plena de que as linhas de força da sua Carta de Princípios são consentâneas com o sistema de valores pelo qual me pauto, nomeadamente a defesa do Portugal de Abril, da Constituição da República Portuguesa, da Liberdade, da Democracia, do Estado de Direito, da dignidade da pessoa humana, do pluralismo, da diversidade, da igualdade de género, do Estado Social e da solidariedade nacional e inter-geracional.
Esta a minha Mensagem de Ano Novo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mensagem de Natal



Há cerca de 2.000 anos que de acordo com relatos bíblicos, nasceu na Galileia, Jesus Cristo, o Messias, cuja vinda foi anunciada pelo Arcanjo Gabriel. A sua capacidade de liderar multidões levou a que fosse julgado e condenado à morte por Herodes Antipas, tetrarca da Galileia e da Pereia. Daí que tenha sido flagelado e crucificado.
Também Spartacus, gladiador trácio que liderou a mais célebre revolta de escravos contra o jugo romano, viria a conhecer semelhante sorte.
Desde então para cá têm ocorrido muitas lutas, muitas batalhas, muitas guerras, nas quais explorados e oprimidos, ávidos de pão, paz, terra, justiça e liberdade, têm lutado contra os opressores que lhe negam esses elementares direitos.
Um marco importante dessas lutas foi a Revolução Francesa, promotora dos ideais republicanos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Todavia, como nos disse o Padre António Vieira: “É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do san­gue, das vidas, e quanto mais co­me e consome, tanto menos se farta”. Daí que tenha continuado a alastrar pelo mundo, fruto dos interesses de dominação mais diversos.
A nível interno, tivemos a fundação da nacionalidade por Dom Afonso Henriques, a 5 de Outubro de 1143. Nos séculos seguintes, guerreámos castelhanos, mouros, povos indígenas, espanhóis, franceses e povos africanos, tanto por necessidades expansionistas como para defesa da independência nacional. Nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX, verificou-se o descrédito do regime monárquico. Daí que graças à acção doutrinária e política do Partido Republicano Português, tenha ocorrido o derrube da Monarquia a 5 de Outubro de 1910. Ocorreu aqui uma mudança de paradigma que vigorou até ao pronunciamento militar de cariz nacionalista e anti-parlamentar de 28 de Maio de 1926, o qual estaria na origem do Estado Novo, regime ditatorial que vigorou até à Revolução de 25 de Abril de 1974.
A restituição da liberdade aos portugueses teve como reflexos positivos imediatos, o renascer do parlamentarismo e dos partidos, pilares da democracia. Com ambos, a democracia tem conhecido altos e baixos, por vezes com reflexos negativos na vida das pessoas.
Com as eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015, ocorreu uma nova mudança de paradigma, que foi o entendimento político entre as esquerdas. Este incomodou todos aqueles que crêem ter o rei na barriga e se julgam donos disto tudo.
Fruto daquele entendimento e em cumprimento dos preceitos constitucionais, o Presidente da República indigitou a 24 de Novembro, António Costa como Primeiro-Ministro do XXI Governo Constitucional. Este tomou posse a 26 de Novembro e viu o seu Programa aprovado no Parlamento a 3 de Dezembro.
O poder mudou de mãos e é tempo de Natal, daí que para a maioria do povo português, este Natal seja um natal de esperança.
Vem aí “Ano Novo, vida nova”. A 24 de Janeiro têm lugar as eleições para a Presidência da República, data em que a maioria do povo português pretende que ocorra outra mudança de paradigma. A meu ver, para que tal seja possível, torna-se necessário um entendimento político entre as esquerdas, que se traduza na apresentação de um único candidato às urnas. Julgo que as esquerdas aprenderam com as eleições legislativas e vão alcançar esse entendimento. Trata-se de um imperativo ético da maior relevância.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Vem aí o Ano Novo (2ª edição)


A magistral ilustração de Stuart de Carvalhais (1887-1961), com a qual ilustro a presente crónica, tem por título “Cumprimentos do Ano” e foi publicada na capa da revista “Ilustração Portuguesa”, nº 410, de 29 de Dezembro de 1913. Ela sugere a despedida do “Ano Velho”, aí representado por um ancião de ar respeitável, sentado, vencido decerto pelo desgaste e pelas mazelas da vida. Junto a ele, duas crianças, das quais a mais velhinha lhe entrega um ramo de flores, decerto como reconhecimento do legado positivo que o Ano Velho lhes doou.
Não tenho motivo algum que me leve a crer que esta alegoria de Stuart não fosse apropriada em 1913. Todavia, considero que, actualmente, ela carece de sentido. Por isso me despeço de 2012 com mágoa, azedume e revolta, porque os portugueses nunca perderam tanta qualidade de vida e direitos democráticos como nos anos de 2011 e 2012. Pelo menos até agora. E porquê? Por culpa dos políticos que temos, dos políticos que tivemos e dos políticos que não tivemos, ainda que uma maioria significativa de nós, os gostasse de ter tido.
Conhecedor da obra do poeta popular António Aleixo (1899-1949), identifico-me bastante com o seu pensamento, a começar pelo modo como o poeta se enquadra na Sociedade:

“Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade que,
baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.“

Concordo também com o juízo que faz do Poder:

“Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.”

Na óptica do poeta, é um juízo que não é nada positivo:

“Há tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando,
se a burrice não será uma ciência...”

Por isso o poeta considera ter o direito de protestar:

“Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!”

E vai ao ponto de advertir o Poder:

“Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
q'rer um mundo novo a sério!”

Proclama igualmente que a situação pode (e digo eu, deve) mudar:

“Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.”

Perder a vida será na sua opinião, o que menos importa:

“Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão? “

Nunca o pensamento de António Aleixo foi tão pertinente como hoje, por congregar duma forma excepcional uma análise da situação com alguma orientação para a acção. E acreditem que eu percebo da poda. Sou da geração do Maio de 68 em Portugal, doutros tempos de luta e porventura o primeiro divulgador de António Aleixo em Lisboa, em sessões de Canto Livre, em que participavam companheiros como o Zeca, o Adriano, o Fanhais ou o Fanha. Eu era um alentejano fininho com um metro e noventa de altura e olhos de carneiro mal morto. Quando ocupávamos a cantina de Ciências para afrontar o Poder, este cagava-se todo e mandava a polícia de choque contra nós. Nós não nos cagávamos, porque tínhamos tudo no sítio. A nossa força era a consciência política, a unidade, a disciplina e a resistência militante. Tínhamos na massa do sangue a poesia do Daniel Filipe (1925-1964) - Pátria Lugar de Exílio:

“(…) Tendes jornais.
usai-os
tendes exércitos
usai-os
tendes polícia
usai-a
tendes juízes
usai-os
usai-os contra nós
procurai esmagar-nos
cantando resistimos.”

Mais de quarenta anos depois, com toda a adrenalina dos meus 66 anos, repudio a política canalha que nos (des)governa e proclamo alto e bom som:


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vem aí o Ano Novo!


A magistral ilustração de Stuart de Carvalhais (1887-1961), com a qual ilustro a presente crónica, tem por título “Cumprimentos do Ano” e foi publicada na capa da revista “Ilustração Portuguesa”, nº 410, de 29 de Dezembro de 1913. Ela sugere a despedida do “Ano Velho”, aí representado por um ancião de ar respeitável, sentado, vencido decerto pelo desgaste e pelas mazelas da vida. Junto a ele, duas crianças, das quais a mais velhinha lhe entrega um ramo de flores, decerto como reconhecimento do legado positivo que o Ano Velho lhes doou.
Não tenho motivo algum que me leve a crer que esta alegoria de Stuart não fosse apropriada em 1913. Todavia, considero que, actualmente, ela carece de sentido. Por isso me despeço de 2011 com mágoa, azedume e revolta, porque os portugueses nunca perderam tanta qualidade de vida e direitos democráticos como no ano de 2011. Pelo menos até agora. E porquê? Por culpa dos políticos que temos, dos políticos que tivemos e dos políticos que não tivemos, ainda que uma maioria significativa de nós, os gostasse de ter tido.
Conhecedor da obra do poeta popular António Aleixo (1899-1949), identifico-me bastante com o seu pensamento, a começar pelo modo como o poeta se enquadra na Sociedade:

“Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade que,
baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.“

Concordo também com o juízo que faz do Poder:

“Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.”

Na óptica do poeta, é um juízo que não é nada positivo:

“Há tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando,
se a burrice não será uma ciência...”

Por isso o poeta considera ter o direito de protestar:

“Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!”

E vai ao ponto de advertir o Poder:

“Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
q'rer um mundo novo a sério!”

Proclama igualmente que a situação pode (e digo eu, deve) mudar:

“Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.”

Perder a vida será na sua opinião, o que menos importa:

“Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão? “

Nunca o pensamento de António Aleixo foi tão pertinente como hoje, por congregar duma forma excepcional uma análise da situação com alguma orientação para a acção. E acreditem que eu percebo da poda. Sou da geração do Maio de 68 em Portugal, doutros tempos de luta e porventura o primeiro divulgador de António Aleixo em Lisboa, em sessões de Canto Livre, em que participavam companheiros como o Zeca, o Adriano, o Fanhais ou o Fanha. Eu era um alentejano fininho com um metro e noventa de altura e olhos de carneiro mal morto. Quando ocupávamos a cantina de Ciências para afrontar o Poder, este cagava-se todo e mandava a polícia de choque contra nós. Nós não nos cagávamos, porque tínhamos tudo no sítio. A nossa força era a consciência política, a unidade, a disciplina e a resistência militante. Tínhamos na massa do sangue a poesia do Daniel Filipe (1925-1964) - Pátria Lugar de Exílio:

“(…) Tendes jornais.
usai-os
tendes exércitos
usai-os
tendes polícia
usai-a
tendes juízes
usai-os
usai-os contra nós
procurai esmagar-nos
cantando resistimos.”

Mais de quarenta anos depois, com toda a adrenalina dos meus 65 anos, repudio a política canalha que nos (des)governa e proclamo alto e bom som: