segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sei que não vou por aí!


Foto de Almada Negreiros (1893-1970), na I Conferência Futurista, em Abril de 1917.

O respeito às raízes e à nossa matriz identidária, bem como a verticalidade de carácter, são o que há de mais importante nas nossas vidas.
Não se compram numa grande superfície, nem tão pouco se adquirem em qualquer retiro de avental. Têm a ver com os nossos genes, com o que aprendemos com os nossos pais e avós, bem como aquilo que partilhamos com os nossos companheiros de estrada. São eles os nossos melhores conselheiros. Com eles aprendemos a caminhar e a descobrir caminho, caminhando.
São marcas de quem nunca se rende e não prescinde da sua individualidade, tendo assumidamente a coragem de não se esconder comodamente atrás de um qualquer colectivo. Cartilhas há muitas, algumas das quais castram e subjugam o individual em nome dum colectivo que alguém supostamente mandatado e auto-predestinado, controla. Por mim e em nome da ânsia de liberdade que é meu timbre, sou levado a parafrasear José Régio no “Cântico Negro”:

"Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 15 de Julho de 2013

11 comentários:

  1. ..No que respeito às raízes contraponho a importância dos nossos marcos identitários fundadores ... que tão brilhantemente ilustra nos seus "prolegómenos"... e continuo a contrapor...parafraseando José Régio "Ide !Tendes estradas (....)Eu tenho a minha loucura!/ Levanto -a , como um facho a arder na noite na escura ...." E em que escuridão estamos! Que cada um assuma se quer ser cidadão ou escravo.
    Obrigada Hernâni pelo desafio intelectual constante

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  2. E quando se sabe isso, Hernâni, já se sabe muito.

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  3. Ao longo destes anos que já me vão custando a suportar, sempre fui por onde a minha consciência me ditava qual o caminho a seguir. Isso me trouxe alguns dissabores mas a felicidade de me sentir livre por pensar por mim e não seguir por caminhos duvidosos que outros me ditavam muitas vezes por interesses disfarçados. Tem sido assim e continuará porque isto está-me na massa encefálica que se coaduna com os versos de «José Régio» Quando diz: Não sei por onde? Para onde? Mas sei que não vou por onde muitas vezes me querem levar. Já não estará muito longe eu poder continuar a ser como sou, pois qualquer dia terei de seguir o caminho escolhido por aqueles que me levam.

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    1. Eu costumo dizer:
      - UM HOMEM NUNCA SE RENDE, MESMO DE FATO E GRAVATA!

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  4. Conheci um que dizia: Enquanto me forem vendo de fato e gravata montado no Mercedes não tenho pena de mim. O que este senhor queria dizer é que assim, conseguia enganar mais facilmente as pessoas. E a verdade é que até as pessoas da família foram enganadas e de que maneira.

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    1. Caro amigo:
      A minha perspectiva era absolutamente a inversa. Um homem pode usar fato e gravata e ser vertical e nunca se render perante incorreções.

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  5. Eu compreendi exactamente a verticalidade que deve existir entre as pessoas, simplesmente o fato e gravata trouxe-me à lembrança alguém que, de verticalidade não tinha nenhuma e então servia-se exactamente desse preceito para enganar os outros. A verticalidade desse senhor não era para se bater por princípios que devem existir nas pessoa como sejam a seriedade, os valores da dignidade e da honra. Para ele era o inverso!

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    1. Caro amigo:
      Infelismente há pessoas que são assim.
      Um abraço.

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  6. Quanto ao fato e gravata, como disse o Aleixo: " Sei que pareço um ladrão/Mas há muitos que eu conheço/Que sem parecerem aquilo que são/São aquilo que eu pareço". Caríssimo Hernâni Matos, concordo consigo, de facto o carácter não se compra, não se herda nem vem no berço, constrói-se no dia a dia de cada um, com as suas acções de humanidade, solidariedade, fraternidade. Obrigado Amigo pelo seu artigo.

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    1. Manuel:
      Obrigado pelo seu comentário.
      Volte sempre.
      Os meus cumprimentos.

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