segunda-feira, 27 de outubro de 2014

11 – O preço dos bonecos



 Aguadeiro.
José Moreira (1926-1991).
Colecção particular.

No figurado de Estremoz, o preço de cada peça é muito variável, o que exige uma análise multifacetada do assunto: 1 – O preço de cada imagem tem a ver com o tempo de manufactura de cada barrista, o qual por sua vez está relacionado com a complexidade da figura ou do grupo de figuras. Daí que uma “Primavera” custe mais que um “apito”, bem como um “Rancho do acabamento” seja mais caro que um “Pastor de tarro e manta”. Por outro lado, a mesma figura ou grupo de figuras pode ser executada em vários tamanhos, vulgarmente designados por “pequeno”, “médio” e “grande”. É o que se passa com “O amor é cego” e o “Presépio de Trono ou Altar”, em que o preço aumenta com as dimensões; 2 – O preço de cada figura ou grupo de figuras, varia também com o artesão, fruto da auto-avaliação que cada um faz do seu trabalho; 3 – O valor dos exemplares mais antigos pode ser estimado a partir do conhecimento do seu custo actual, ao qual há que acrescer o grau de antiguidade, o grau de raridade e o estado de conservação; 4 – Numa situação de crise económica como a actual, há quem tenha necessidade de vender bonecos, os quais são comprados por coleccionadores, feirantes de velharias ou antiquários ou que então são vendidas através de Casas de Leilões ou de Leilões “on line”. Na óptica do coleccionador, uma compra é sempre optimizada através da compra directa ao vendedor. No feirante de velharias ou no antiquário, a compra é menos má, já que na maioria das vezes é possível negociar e chegar a um acordo. Já nos Leilões, o resultado é mais incerto. Se para além de nós, há outro comprador interessado ou está presente o feirante ou o antiquário de quem somos clientes, podemos mesmo arrematar uma peça antiga a um valor mais baixo que o custo da peça actual. Todavia, a situação altera-se desde que na Casa de Leilões esteja presente um feirante ou um antiquário que já têm cliente para uma dada peça ou se encontrem mandatados por um cliente para a adquirir. O mesmo se passa se entrarmos em competição com um ou mais coleccionadores que estejam a licitar, já que por vezes a auto-estima de cada um, o leva a cometer verdadeiras loucuras. Finalmente, as vendas “on line” são desaconselhadas, visto que em certas ocasiões, mesmo peças comuns e recentes, têm preços de partida elevados, reflectindo a necessidade de dinheiro de quem vende e não tendências de mercado.




2 comentários:

  1. Caro Hernani,
    Permita-me discordar. A natureza de um preco nao esta relacionada com a "quantidade de trabalho" ou "o tempo dispendido" na manufactura do produto. E' facil comprender isto com um exemplo. Se eu nao souber pintar, um quadro que eu pinte e que me demore 1 mes a pintar nao vale mais do que um quadro que eu pinte em 10 minutos.
    Um preco e' uma tentativa que um vendedor faz de "sondar o mercado", de tentar quantificar quanto e' que os compradores estarao dispostos a pagar pelo produto. Assim, o vendedor vai ter de ajustar o preco consoante essa analise; se ninguem estiver interessado em comprar pelo preco pedido, o vendedor tera de baixar o preco, se quiser vender; se esgotar as pecas rapidamente, o preco subira. Cumprimentos!

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  2. Caro Fernando Ferreira:

    Obrigado pelo seu comentário.
    O que eu escrevi e reafirmo, corresponde á prática seguida pelos barristas.
    Os meus melhores cumprimentos

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