domingo, 17 de março de 2024

Senhor dos Passos de Estremoz


Fig. 1 - Altar da Capela de D. Fradique de Portugal, no interior
da Igreja do Convento de São Francisco de Assis, em Estremoz.
Fotografia de Álvaro Azevedo Moura.

SENHOR DOS PASSOS DE ESTREMOZ
Em Estremoz, na Igreja do Convento de São Francisco de Assis, actual sede da Paróquia de Santo André, existe uma capela, chamada de D. Fradique de Portugal (Fig. 1). Segundo Monsenhor Mendeiros: “(…) já havia sido rasgada, no século de Quinhentos, a Capela de D. Fradique de Portugal, filho dos Condes de Faro, Odemira e Vimieiro, instituída para panteão da sua família, que teve o senhorio de Estremoz.” (4) “Esta pequena capela, aberta no terceiro tramo do flanco Sul do corpo da Igreja do Convento de São Francisco, é a principal obra manuelina da actual cidade de Estremoz, não apenas pela qualidade artística que evidencia, mas, sobretudo, pela figura cimeira da história europeia que a mandou construir e no seu interior se fez sepultar.” (3)
“Consagrada de princípio a S. FRANCISCO, depois ao SANTO CRISTO CRUCIFICADO, na segunda metade do séc. XVII, a consentimento dos donatários, nela se instalou a IRMANDADE DO SENHOR JESUS DOS PASSOS, que lhe concedeu a invocação persistente.” (2)
O retábulo do altar está dividido em três planos, com pinturas referentes à Paixão de Cristo. No plano superior destaca-se a imagem do Senhor Crucificado, ladeado pelas imagens em madeira estofada, representando S. Pedro de Verona e S. João de Capristano. No plano médio sobressai a imagem do Senhor dos Passos, ladeado pelas imagens de roca, de Nossa Senhora das Dores e de S. João Evangelista.
Sobre o altar diz o prior Fr. Fernando Roberto de Gouveia na “Memória sobre a Freguesia de Santo André de Estremoz”, redigida a 20 de Junho de 1758”: “O seu altar é de talha dourada, em que há muitas imagens, sendo as principais a do Senhor dos Passos, que por tradição se diz ser angelical e é uma das mais formosas de toda a Hespanha; a imagem perfeitíssima de Cristo Crucificado, em cujo lado se expõe(m) o Sacramento.” (1)
“No camarim forrado com placas de entalhe dourado, expõe-se a devotíssima imagem do padroeiro esculpido em lenho encarnado, de singular devoção dos antigos povos estremocenses.” (2)
“A imagem do Senhor dos Passos é a de maior devoção em Estremoz e considerada uma das mais artísticas do País.” (4) O Senhor dos Passos é uma invocação de Jesus Cristo que faz memória ao caminho por ele percorrido desde a sua condenação à morte no Pretório de Pôncio Pilatos até ao seu enterro, após ter sido crucificado no Calvário. Trata-se de uma devoção muito especial na Igreja Católica.
Em Estremoz, a Procissão do Senhor dos Passos, tem lugar no domingo anterior ao Domingo de Ramos ou seja duas semanas antes do Domingo de Páscoa. O trajecto da Procissão passa pelas Capelas dos Passos existentes na cidade, mandadas construir no início do séc. XVIII pela Irmandade do Senhor Jesus dos Passos. Inicialmente eram cinco, tendo desaparecido em 1960, a que estava junto da extinta Igreja de Santo André. As restantes, estão situadas na Rua da Porta da Lage (Bairro de Santiago), na embocadura da Rua Alexandre Herculano com o Largo do Espírito Santo, no alçado exterior direito da Igreja de São Francisco e do lado esquerdo da frontaria do Convento das Maltesas.
A Procissão do Senhor dos Passos, se num ano tem início na Igreja de Santa Maria do Castelo e termina na Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no ano seguinte segue o trajecto inverso. Quando sai da Igreja de Santa Maria, o trajecto da Procissão é o seguinte: Largo de D. Dinis, Rua do Arco de Santarém, Rua Direita, Rua da Freirinha, Rua da Porta da Lage, Rua Alexandre Herculano, Largo do Espírito Santo, Rua Magalhães de Lima (antiga Rua das Freiras), Rua Vasco da Gama, Praça Luís de Camões, Largo da República e Rossio Marquês de Pombal (passagem frente à Igreja dos Congregados, seguida de viragem à esquerda e paragem junto ao Paço do Convento das Maltesas, para depois virar à esquerda, em direcção ao Passo da Igreja de São Francisco, onde para, para depois prosseguir em direcção à Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, onde termina.

ICONOGRAFIA DO SENHOR DOS PASSOS DE ESTREMOZ
É variada a iconografia do Senhor dos Passos de Estremoz. Assim, no Programa das Festas à Exaltação da Santa Cruz de 1902, editado pela Tipografia Samuel, de Estremoz, aparece uma gravura (Fig. 2) da autoria de Francisco Pastor, representando aquela imagem.

Fig. 2 - Gravura de Francisco Pastor, impressa no programa
das Festas da Exaltação da Cruz de 1902,
representando o Senhor dos Passos de Estremoz.

Saliente-se que Francisco Pastor (1850-1922), foi um notável gravador espanhol, que em Madrid foi discípulo de Severini. Em 1873 abriu um “Atelier de Gravura” na Rua do Ouro, 243-2º, em Lisboa. Ilustrador do “Diário Ilustrado” e do “Correio da Europa”. Criou uma editora própria que publicou obras de grande envergadura, entre as quais o “Dicionário Ilustrado” de Francisco de Almeida, para o qual abriu mais de três mil gravuras, assim como foi editor do “Almanach Ilustrado” que no ano de 1895 ia no 13º ano e custava 200 réis.
Foi com registo do Senhor dos Passos de Estremoz da autoria de Francisco Pastor, que “O falar das Mãos de Guilhermina Maldonado” criou a lâmina da Fig. 3. O registo impresso a preto sobre papel branco amarelecido pelo tempo, contém a legenda “Vera Effigie do Senhor Jesus dos Passos d’Estremoz”. As matérias-primas utilizadas foram: cartão, vidro, espelho, seda, frio prateado, canotilho de prata, flores de prata, galões, arame e fita de seda. O resto foi a paciência, o requinte, a delicadeza, a sensibilidade e a mensagem de Paz e Harmonia sempre presentes, que nos fazem render à Arte de Guilhermina Maldonado. A lâmina tem as seguintes dimensões 31,5cm x 34, 5 cm x 4,5 cm.

Fig. 3 - Lâmina com registo do Senhor dos Passos de Estremoz da autoria
de Francisco Pastor, que “O falar das Mãos de Guilhermina Maldonado” criou.
Dimensões: 31,5cm x 34, 5 cm x 4,5 cm.
Colecção do autor

Conhecemos igualmente medalhas de barro vermelho representando o Senhor dos Passos de Estremoz. Trata-se de medalhas comemorativas das Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963 (Fig. 4) e de 1964 (Fig. 6). Qualquer delas tem de módulo 5,8 cm, 4 mm de espessura sem o relevo e pesa 20g. Ao centro a imagem do Senhor dos Passos de Estremoz. À esquerda, distribuída por três linhas a legenda: “FESTAS DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ / EM ESTREMOZ / ANO”. À direita da imagem do Senhor dos Passos, um ramo de sobreiro carregado de bolotas. Na parte superior, as medalhas têm um orifício para passar um fio, uma fita ou um alfinete-de-ama. A de 1963 apresenta no verso, a marca “OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ / PORTUGAL “ distribuída por três linhas e ocupando uma superfície de 1, 2 cm x 3 cm (fig. 5). Já a de 1964, ostenta a marca “ OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ “ inscrita numa coroa circular de 1,5 cm e 2 cm de diâmetro, com a palavra “PORTUGAL”, ao centro (Fig. 7).

 Fig. 4 - Medalha de barro vermelho, comemorativa das Festas da Exaltação da Santa Cruz
em Estremoz, no ano de 1963, representando o Senhor dos Passos de Estremoz.
Módulo: 5,8 cm; Espessura: 4 mm, sem o relevo; Peso: 20g.
Fabrico da Olaria Alfacinha.
Colecção do autor.

Fig. 5 - No verso da medalha anterior, a marca “OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ / PORTUGAL “
distribuída por três linhas e ocupando uma superfície de 1, 2 cm x 3 cm.

Fig. 6 - Medalha de barro vermelho, comemorativa das Festas da Exaltação da Santa Cruz
em Estremoz, no ano de 1964, representando o Senhor dos Passos de Estremoz.
Módulo: 5,8 cm; Espessura: 4 mm, sem o relevo; Peso: 20g.
Fabrico da Olaria Alfacinha. 
Colecção do autor.

Fig. 7 - No verso da medalha anterior, a marca “ OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ “ inscrita
numa coroa circular de 1,5 cm e 2 cm de diâmetro, com a palavra “PORTUGAL”, ao centro.

Também no figurado de Estremoz encontramos representações do Senhor do Passos, como é o caso da imagem da Fig. 8, da autoria da barrista Maria Luísa da Conceição. À semelhança da imagem sagrada, Jesus é aqui representado envergando túnica roxa, carregando a cruz, com o joelho direito assente no solo e com a túnica a mostrar o pé esquerdo. Na cabeça, um esplendor e uma coroa de espinhos. A imagem assenta num andor sensivelmente quadrado, decorado à frente com flores.

Fig. 8 - Andor com o Senhor dos Passos de Estremoz,
da autoria da barrista estremocense Maria Luísa da Conceição.

Os exemplares da iconografia local do Senhor dos Passos, mais que objectos decorativos, são objectos de veneração e de oração dos fiéis.


BIBLIOGRAFIA

(1) – COSTA, Mário Alberto Nunes. Estremoz e o seu concelho nas “Memórias Paroquiais de 1758”. Separata do Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, Vol. XXV. Coimbra, 1961.
(2) - ESPANCA, Túlio. Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol.VIII. Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa, 1975.
(3) – IGESPAR
(4) - MENDEIROS, José Filipe. Património Religioso de Estremoz. Câmara Municipal de Estremoz. Estremoz, 2001.

Publicado inicialmente em 21 de Setembro de 2012

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Inauguração da Exposição "PARAÍSO" de Joana Santos na @arquivolivraria, em Leiria, no sábado, dia 2 de Março

 


Transcrito com a devida vénia da
de 28 de Fevereiro de 2024.


"O paraíso não é um lugar, é uma condição da alma." - Simone Weil

O que é o Paraíso? Onde é o Paraíso? O Paraíso existe?

O Paraíso pode ser um destino final. Um lugar celestial ao qual se chega no final dos dias corpóreos, como uma recompensa. Pode ser um espaço tangível, exótico, perfeito onde a natureza abundante é habitada por seres que vivem em uníssono e onde a felicidade é eterna.

O Paraíso pode ser um espaço que nos habita, que nasce e cresce dentro de nós.

Este é o Paraíso que nasceu das minhas mãos, materializado na delicadeza do grés branco, nos tons azuis e verdes dos cabelos livres das figuras que o habitam, no amarelo ocre das folhas de ginkgo biloba ou no vermelho coração. Uma reflexão sobre o amor, em particular o amor-próprio, vivido no feminino. Uma Ode ao Paraíso como corpo e à sua relação com o mundo físico que o encapsula. Ode também ao mundo interior que se preenche de sentimentos, ideias e tempo.

O Paraíso encontrado no ato da criação, da ideia ao desafio de lhe dar forma usando o barro, tornando físico o meu Paraíso particular e pessoal.

Convido-vos a virem descobrir o meu "Paraíso".

De 2 a 31 de março, na @arquivolivraria, em Leiria. Inauguração, dia 2 de Março, pelas 18h30!

Conto convosco?

Joana Santos


REPORTAGEM FOTOGRÁFICA DA EXPOSIÇÃO













 Hernâni Matos


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Apresentação do livro PATRIMÓNIO AZULEJAR DE ESTREMOZ, de Elisabete Pimentel

 



Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 27 de Julho de 2021.

O Museu Berardo Estremoz irá receber, dia 9 de março de 2024, pelas 16:00 horas, o lançamento do livro "Património Azulejar de Estremoz: Capela da Rainha Santa Isabel, Capela de Nossa Senhora dos Mártires e Igreja de Nossa Senhora da Consolação", de Elisabete Pimentel, com grafismo de Rui Pimentel, publicada pelas Edições Húmus e patrocinada pelo Município de Estremoz.

A obra pretende dar a conhecer o património azulejar de alguns dos monumentos religiosos mais relevantes de Estremoz, descrevendo-os artisticamente e aprofundando o conhecimento já existente sobre os mesmos. O trabalho surge no âmbito de uma filosofia de valorização do património cultural de Estremoz, onde o conhecimento, a difusão da informação e a fruição são os grandes pilares.

Elisabete Pimentel tem formação em Letras, História, e também em Artes, Pintura e Cerâmica, área que exerceu ativamente com a criação de peças escultóricas, criação de painéis decorativos de azulejos, mas também fazendo cópias de azulejos do século XVIII. Radicada na cidade de Estremoz faz parte do Grupo Cidade – Cidadãos pela Defesa do Património de Estremoz e entendeu que era importante estudar o rico património azulejar de Estremoz, enquadrá-lo historicamente o que resultou na publicação do estudo e divulgação da “Capela da Rainha Santa Isabel, Capela de Nossa Senhora dos Mártires e Igreja de Nossa Senhora da Consolação”, considerando ser este o primeiro volume do estudo a que se propôs.

Entrada livre! Venha assistir e participar!

 Hernâni Matos

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Cristo na coluna


Cristo na coluna. José Moreira (1926-1991). Colecção particular.


A imagem devocional da figura, da autoria do barrista estremocense José Moreira (1926-1991), representa um episódio da Paixão de Cristo conhecido por flagelação de Jesus, também designado por Cristo na coluna. Trata-se de um episódio recorrente na arte cristã, sobretudo em ciclos da Paixão ou como parte dos ciclos da Vida de Cristo. O evento da flagelação[i] é mencionado em três dos quatro evangelhos canónicos: João 19:1, Marcos 14:65 e Mateus 27:26. A flagelação constituía um prelúdio comum à condenação pela crucificação sob o direito romano.
Jesus, de barba e cabelo compridos, com os pés assentes num chão pedregoso e as mãos atadas por uma corda, encontra-se amarrado a uma coluna[ii] e com o corpo vergado para a frente.
Enverga apenas uma protecção genital e ostenta por todo o corpo as marcas vermelhas da flagelação, fruto dos golpes infligidos pelos soldados romanos.
A exiguidade do vestuário de Jesus durante a flagelação e o martírio na coluna, traduz a humilhação a que os romanos o pretenderam submeter. Por sua vez, as marcas de flagelação simbolizam a humildade, o sofrimento e o sacrifício de Jesus em nome da humanidade.

BIBLIOGRAFIA
VATICAN NEWS. Os Santuários da Flagelação e da Condenação de Jesus. [Em linha]. Disponível em:
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2023-04/santuarios-flagelacao-condenacao-jesus.html . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].
WIKIPÉDIA. Flagelação de Jesus. [Em linha]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Flagelação_de_Jesus . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].
WIKIWAND. Flagelação de Jesus. [Em linha]. Disponível em:  https://www.wikiwand.com/pt/Flagelação_de_Jesus . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].

 Hernâni Matos



[i] A flagelação era uma forma de suplício infringido pelos romanos, visando castigar crimes, obter confissões ou preparar execuções capitais. Para esse efeito, recorriam ao “flagelo”, chicote constituído por tiras de cabedal ou corda com pedaços de ferro nas pontas, com o qual açoitavam as vítimas.

[ii] No contexto do simbolismo e arte cristãos, a coluna é um dos “instrumentos maiores” da Paixão de Cristo. Outros são: a cruz, a coroa de espinhos, o chicote, a esponja, a lança, os pregos e o véu de Verónica. Para além destes, existem ainda outros que são considerados “instrumentos menores”. Uns e outro são vistos como armas que Jesus utilizou para derrotar Satã e são tratados como símbolos heráldicos.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

António Cunhal (1910-1932), artista plástico neo-realista


António Cunhal (1910-1932). Semeador. Desenho a tinta-da-china
sobre cartolina. Assinado e não datado. Colecção particular.


Um Cunhal menos conhecido
ANTÓNIO CUNHAL (1910-1932), natural de Coimbra, faleceu em Lisboa em 1932, vítima de tuberculose e gangrena pulmonar. Filho de Avelino Cunhal (1887-1966) e irmão de Álvaro Cunhal (1913-2005), advogados, políticos, escritores e artistas plásticos neo-realistas.

Artista plástico
Com 21 anos de idade, António Cunhal expôs 26 trabalhos seus no Salão “PINTURAS E DESENHOS DE ANTÓNIO CUNHAL”, patente ao público entre 1 e 15 de Junho de 1931, na prestigiada Papelaria Progresso, situada na Rua do Ouro 151 a 155, em Lisboa.
Nesse salão esteve exposto o desenho aqui reproduzido, pertencente à colecção do Dr. Fernando Abranches Ferrão (1908-1985).
É corrente afirmar-se que o neo-realismo surgiu em Portugal no final dos anos 30. Ora, “O semeador” de António Cunhal é anterior aquela data e eu não tenho dúvida alguma que o conteúdo temático da representação, nos leva a inclui-la no neo-realismo e consequentemente a considerar António Cunhal um artista plástico neo-realista.
António Cunhal está representado no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa e em colecções particulares.

Cinesta de animação
António Cunhal realizou em 1930 com Raul Faria da Fonseca, o filme de animação “A lenda de Miragaia”. O argumento é da autoria de ambos, inspirado no Romanceiro de Almeida Garrett. Baseia-se numa lenda popular que relata como o rei Ramiro II de Leão raptou a princesa moura Zahara e como o seu irmão Alboazar raptou a esposa de Ramiro, a rainha Gaia.
Trata-se do primeiro filme de animação português, recorrendo à técnica inovadora de animação de silhuetas recortadas, as quis foram fotografadas uma a uma para criar o movimento.
O filme, com 400 metros de extensão, era constituído por 24 800 fotogramas, que representavam outros tantos desenhos e movimentos.
“A Lenda de Miragaia”, produção da Ulyssea Film, estreou-se em Lisboa, no Jardim Cinema, a 1 de Junho de 1931.

Epílogo
Talvez a obra de António Cunhal merecesse uma investigação apurada, visando concluir se é ou não um artista plástico neo-realista, tal como eu aqui o proclamo.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

CERÂMICA DE REDONDO – Garrafão falante de Mestre Álvaro Chalana

 

Garrafão falante de Mestre Álvaro Chalana (1916-1983). 

Garrafão em barro de tonalidade vermelha, vidrado, de base circular plana, corpo ovóide, colo cilindriforme e carenado a meia altura da parede, bordo ligeiramente extrovertido e arredondado. Imediatamente abaixo da carena deriva uma asa de secção rectangular, que finda na zona de diâmetro máximo do bojo.

A superfície exterior está decorada com três manchas de engobe, de cor amarelo de palha, de forma irregular, dispostas praticamente a partir do início do colo e até à base. Estas manchas receberam decoração esponjada, a verde e a amarelo.

Sobre cada uma das três manchas de engobe estão esgrafitadas as inscrições: “Ai que belo”, “Viva a boa pinga” e a quadra:

“Sou pequeno mas alegre
Isto que digo e a verdade
O meu amigo come e bebe
Mas pode beber a vontade”